sábado, 29 de dezembro de 2007

O teclado, o irmão e o café

Ando tendo o nobre comportamento de dormir de dia e ficar acordado pela madrugada. Agradecem meus familiares, que são obrigados a escutar o som do meu suave "teclar".

Vocês já repararam como os teclados são finamente ajustados para produzirem barulho? Eles se comportam de forma muito parecida com uma bateria: a letra "h" produz o som da caixa, o "ctrl" faz as vezes do bumbo e o estrondoso espaço soa como o prato de ataque. Se você nunca reparou nisso é porque não bate com força suficiente no seu teclado.

Teclados são resistentes à pancada, o que justifica minha teoria. Já cansei, mas já cansei mesmo, de ouvir meu irmão falar para bater menos no teclado por que ele iria quebrar. E não quebrou! Nunca quebrou: ele é o mesmo teclado vagabundo de 10 reais que acompanhou a compra do meu então novo computador e há 2 anos é espancado diariamente por mim.

O único acidente que veio a abalar o teclado foi o derramamento de café, ocorrido no dia da compra e causado pelo meu próprio irmão. Reproduzo o diálogo:

- "Poxa, o teclado veio quebrado! Aperto o 'f' e sai o 'r' junto, tento apagar, mas o Backspace solta um '[' junto! Perae... Gabriel, você derrubou alguma coisa no teclado?" - perguntei.

- "Eu não!" - disse ele, com um sinismo cortante.

- "Certeza?" - interroguei, incrédulo.

- "Tenho CERTEZA!" - confirmou, mostrando um largo e falso sorriso dentado, daqueles que só a culpa consegue produzir, seguido de uma piscadela de dois olhos.

Pensei: ele deve ter razão, mas vou abrir o teclado, afinal só tenho 10 reais a perder.

Mão à obra! Depois de 23 propositalmente minúsculos parafusos removidos o teclado se abriu, revelando a irrefutável prova: uma vistosa mancha de café entre as folhas de transparência onde porcamente ficam impressos os circuitos do teclado!

Neste momento olhei para Gabriel, que observava apreensivamente minha cirurgia no dispositivo. Alí, sentado no sofá, ele se acusou com o olhar.



Assumida a culpa, limpei o teclado, fechando-o com os 17 parafusos que achei e deixando o shift direito afundado (pra que dois?), já que faltou uma borrachinha. E eis que o teclado estava plenamente funcional!

Passados 2 anos, ficou a lição: espanque seu teclado e jamais molhe-o.

Vou deitar-me.

Um bom dia à todos!

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